A internet mudou drasticamente a forma de como obtemos e lidamos com as informações no dia a dia, e isto inclui também as informações sobre a saúde e os medicamentos. Está ferramenta se bem utilizada, pode fornecer informações rápidas e úteis a respeito de doenças, condições, medicamentos e terapias, que podem ser importantes quando você consulta seu médico. No entanto, a qualidade das informações na internet pode variar bastante, e isto representa um risco em potencial para a saúde do usuário comum.
Foi pensando neste risco, que já em 1999 a organização mundial da saúde (OMS), elaborou um guia denominado “Medical products and the internet, a guide to find reliable information” (produtos médicos e a internet, um guia para encontrar informações de confiança, em tradução direta). Este guia foi elaborado para servir como modelo para os estados membros organizarem suas próprias cartilhas, adaptando-o conforme suas respectivas realidades locais, para auxiliar os usuários da internet na obtenção de informações seguras, independentes e comparativas sobre os medicamentos.
Apesar da internet fornecer um acesso rápido e de qualidade aos diversos bancos de dados, tais como: Universidades, livrarias médicas virtuais, associações de saúde e agências governamentais, pode ser difícil para o usuário da internet encontrar a verdadeira fonte da informação e determinar se ela é confiável, completa e atualizada.
Este documento da OMS elencou alguns pontos chaves para nortearmos nossas pesquisas sobre os medicamentos na internet.
Ao pesquisarmos nos sites devemos tomar algumas precauções:
- Está claro o nome e o endereço para contato do responsável do site?
- Está claro qual associação contribui com fundos, serviços ou suporte para o site?
- O site é direcionado para usuários comuns, profissionais da saúde ou algum outro público?
- Se existe alguma propaganda ou anúncio está devidamente declarado?
Vale ressaltar que, apesar de possuir fontes confiáveis de informações sobre doenças, condições, medicamentos e terapias, estás informações não podem nunca substituir a consulta com seu médico. Também é importante lembrar que, apesar de seguras e confiáveis as informações podem ser direcionadas para profissionais de saúde, ou seja, necessitam de treinamento especial para serem interpretadas adequadamente e determinar se são aplicáveis àquela doença ou condição.
Este manual indica que autoridades de saúde podem criar suas próprias listas com sites e links de fontes confiáveis, previamente certificadas e periodicamente revistas.
Com uma quantidade tão grande de informações disponíveis, é fundamental termos em mente que: “se uma informação pareça muito boa para ser verdade, provavelmente ela o é”. Ou seja, tenha sempre muito cuidado ao ser apresentado à medicamentos/fórmulas “milagrosos”.
Ao fazer sua pesquisa na internet esteja sempre atento a alertas e sinais como estes:
- Anúncios ou informações que apresentem palavras como “nova descoberta científica, “cura milagrosa”, “sem riscos”, “fórmula secreta” e “totalmente natural”.
- Histórias de casos de clientes curados alegando resultados surpreendentes.
- Uma lista de doenças e sintomas que o produto alega curar como: HIV, “todos os cânceres”, mal de Alzheimer, obesidade e déficit de memória.
- Anúncios que divulgam que o produto está disponível apenas por tempo determinado e somente naquele vendedor.
- Afirmações que o produto não contém riscos, ou não se conhece riscos associados. Lembre-se que nenhum tratamento é totalmente isento de riscos.
No momento da sua pesquisa, não utilize nomes os comerciais dos medicamentos.
Medicamentos com nomes comerciais iguais podem conter princípios ativos diferentes em outros países. Utilize sempre o nome do princípio ativo que pretende pesquisar.
A ANVISA, mantém atualizada a lista da Denominação comum brasileira (DCB), onde se pode pesquisar o fármaco ou princípio ativo aprovado pelo próprio órgão federal sanitário (Lei n.º 9.787/1999).
Um site confiável fornecerá as seguintes informações sobre o medicamento: Nome do produto ou medicamento, nome do princípio ativo, para que serve e contraindicações (gravidez, alergias, interações com medicamentos ou alimentos), como armazenar corretamente, nome do fabricante e informações para contato.
Uma pesquisa constatou que 86% dos brasileiros com acesso à internet utilizam a rede para buscar orientações sobre saúde, remédios e suas condições médicas. Idealizada pela seguradora de saúde Bupa, a pesquisa Health Pulse 2010 entrevistou mais de 12 mil pessoas em 12 países, sendo 1.005 brasileiros.
Os dados da pesquisa revelam que 68% dos brasileiros buscam online informações sobre medicamentos, 45% procuram se informar sobre hospitais e 41% querem conhecer na internet experiências de outros pacientes com determinado problema de saúde. No entanto, somente um quarto das pessoas verifica as fontes das informações de saúde disponíveis na internet.
Confira abaixo alguns sites confiáveis sobre medicamentos e saúde:
- Ministério da saúde – https://www.gov.br/saude/pt-br
- Organização PanAmericana de saúde – https://www.paho.org/pt/brasil
- INCA – https://www.inca.gov.br/
- Fiocruz – https://portal.fiocruz.br/
- ANVISA – https://www.gov.br/anvisa/pt-br
- Medscape – http://www.medscape.com/
- Organização Mundial de Saúde (OMS) – http://www.who.int/en/
- Conselho Federal de farmácia – site.cff.org.br/
Referências:
World Health Organization. Quality Assurance and Safety of Medicines Team. (1999). Medical products and the internet : a guide to finding reliable information. World Health Organization.
BRASIL, Lei n° 9787, 10 de fevereiro de 1999, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diário Oficial da União. Seção 1, Brasília, DF, ano 136, 11 de fev de 1999.
O impacto da internet na área da saúde. UOL. Publicado em 14/01/2011 e atualizado em 20/01/2013 Disponível em https://tribunapr.uol.com.br/arquivo/vida-saude/o-impacto-da-internet-na-area-da-saude/ acessado em 15/06/2021